segunda-feira, 1 de novembro de 2010

De crime a espaço cultural



Os quilombos não nasceram no Brasil. Eles já existiam na África e eram chamados kilombos, palavra de origem banto, língua falada por povos que viviam entre o Zaire e Angola. Caracterizados como uma instituição política, social e militar, os kilombos eram formados por grupos que disputavam o poder de uma região ou que migravam em busca de novos territórios. 

No Brasil escravocrata, os quilombos eram organizados por escravos fugidos, mas também abrigavam índios e brancos pobres - um grande sinal de rebeldia e resistência à opressão não só racial, mas também social. Formar um quilombo, portanto, tornou-se crime previsto por lei. No Maranhão, por exemplo, uma lei de 1847 considerava como quilombo a reunião de no mínimo dois escravos num "lugar oculto". No Rio Grande do Sul, na mesma época, bastavam três negros escondidos "no mato" para que o crime fosse caracterizado. 

Hoje, segundo a Fundação Palmares, que identifica as comunidades remanescentes, quilombos são sítios historicamente ocupados por negros, incluindo as áreas habitadas ainda hoje por seus descendentes, com conteúdos etnográficos e culturais.